terça-feira, setembro 30

Linha de passe (2008)

Visto no Paradiso
Nota: 4/5
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Walter Salles volta ao estilo de Abril Despedaçado (e não a Central do Brasil como alguns críticos apontaram) para retratar uma fatia do cotidiano. Antes o sertão, agora a cidade. Salles escolhe uma mãe solteira com quatro filhos (ao menos um flagrantemente de pai diferente) e um a mais por vir. A história segue as aspirações e dilemas de cada um dos personagens que de maneira particular correm atrás de afirmação e de um futuro. Ao contrário de Casa de Alice, a figura da mãe aqui não é de um pivo, ou pilar da família. Sandra Corveloni (vencedora em Cannes) é mais uma personagem cheia de angústias, dilemas, e problemas do subúrbio de São Paulo. Os problemas são os mais vicerais: dinheiro, religião, moral, confiança, relações familiares. As histórias e os dilemas são entrelaçados em alguns momentos - mas as relações não fazem o filme (Amores Perros). Apesar do estilo pouco envolvente, as histórias são envolventes, a seleção de atores é perfeita, a atuação de todo o elenco é consistente e de alto nível. Prestem atenção em Dario, o jogador de futebol que volta aos filmes de Walter Sales depois de passear pelo Brasil com Fernanda Montenegro em Central do Brasil. Trailer abaixo:


3 comentários:

Thiago disse...

A religião e o futebol são impedimentos à violência: somente por eles o crime não toma por completo a vida nas periferias. E a família é a única base para esses futuros incertos, mesmo que destroçada pelas contingências...

Um mérito do filme é a construção profunda de cada personagem. E outro, maior, é mostrar que a vida de grande parte da população vai além (ou aquém?) de nossas concepções. Passa antes de tudo pela própria sobrevivência, real, viva, agora.

Uma nota: numa entrevista na Folha Ilustrada, o Salles fala que se baseou em dois documentários do irmão, o João Moreira Salles: Santa Cruz e Futebol.

Thiago disse...

Ah, vou dar nota 5! Pelo tema e pelo filme!

CineCPS disse...

Mandou bem na questão do impedimento, não tinha pensado que os personagens estão sempre a beira da criminalidade...