segunda-feira, outubro 29

La Môme (2007)

Visto no Cine Galleria
Nota: 3.5/5
Mais no IMDB

Confesso que não conhecia a história de Edith Piaf. Mesmo sendo criado com um pouco de francês em e casa, e esporadicamente ao som de suas músicas, não sabia muito sobre sua história pontuada de fortes emoções, momentos de alegria e de dor. O filme é mais que o retrato de sua vida - é o panorama de toda uma época na história da França - das relações entre o sexos, das condições sociais de um povo, e da indústria fonográfica. O roteiro é previsível, a acensão e queda de um artista, porem a história de "la môme" é incrivelmente rica e não é retratada linearmente. Quaisquer que sejam as críticas, as atuações do elenco, principalmente da protagonista são de fato épicas. Confesso que como outros críticos poucas vezes vi alguem incorporar tão bem uma personagem como fez Marion Cotillard ao interpretar a cantora. Conhecendo ou não a obra de Piaf, sua interpretação vale o espetáculo.

terça-feira, outubro 23

Mostra Curta Audiovisiual - Sessão Windsor

Fui até o Museu da Imagem e do Som para uma das 8 sessões que compõe o festival de curtas de Campinas. Cada sessão dura aproximadamente 2 horas e apresenta 8 a 10 curta-metragens de várias regiões do país. A mostra tem se mostrado popular com 185 inscritos e 98 filmes aceitos para o festival, sendo 27 da cidade de Campinas. A sessão Windsor tem a temática "adulta" e trata principalmente de temas relacionados a sexualidade. Confesso que a seleção foi mediana. Faltou principalmente argumento e qualidade de produção aos filmes. Lembro-me sempre de um crítico que disse que um curta-metragem não deve ser um pedaço de um longa. Filmes como "sete minutos" (RJ) que trata do tráfico, e cap xv:12 (MG) que relata a história de uma prostituta deixaram a sensação de recorte, sem desenvolver um argumento. "Meu batom tem um quarto" mostra a dura realidade de meninas dançarinas e prostitutas da noite de Goiânia; peca pela péssima qualidade de audio e edição que não permite um envolvimento com o ótimo tema. Destaque para "fabricação própria - a desordem do desejo" que usa o tempo limitado de um curta para relatar a história da primeira transexual a ser legalmente operada no Brasil. Um tema que dificilmente seria abordado em um longa foi discutido com leveza e honestidade. O melhor da noite foi sem dúvida deu no jornal (DF) que utiliza desenho e narrativa de forma criativa para demonstrar as fantasias e desejos de um solitário.

sexta-feira, outubro 19

Segunda Mostra Curta Audiovisual


Começa hoje (sexta, 19 de outubro) e vai até sexta que vem, a segunda mostra de curta-metragens em Campinas. A seleção de filmes é fantástica, e será mostrada em quatro salas da cidade, incluindo o IFCH/UNICAMP e o Museu de Imagem e do Som, no centro da cidade. Confirma o site da mostra para mais detalhes. 

quarta-feira, outubro 17

Tropa de Elite (2007)


De todas as discussões, prefiro partir aqui do ponto de vista em que o filme é conduzido, o dos policiais. Mas a narrativa, no contexto do filme, busca exatamente criticar essa categoria profissional. Para além desta, busca fixar um comportamento determinado por uma situação social.

Notório é então esse posicionamento em que o "uso da violência para estancar a violência" (palavras do diretor no programa "Roda Viva"), trama que aliás foi acusada prematuramente de fascista. Oposto à essa visão, o filme utiliza do discurso do BOPE para justamente criticá-lo. Sua própria existência coloca em questão a necessidade da sociedade de se proteger (dela mesma), numa situação de guerrilha urbana: uma anomia social extremada como é o caso do tráfico.

Assim, Tropa de Elite se coloca como um ótimo filme brasileiro (em todas as facetas cinematográficas), onde cabe exaltar as ótimas representações. Atores brasileiros representando pessoas brasileiras bem diferentes das novelas. Mas o ponto forte do filme é levar à multidão nacional sua realidade: pobreza e riqueza, violência e pacifismo, drogas e hipocrisia, polícia e injustiça. Um tapa na cara que não pode cair na simplificação do herói holywoodiano ou da repressão policial.



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terça-feira, outubro 16

Tropa de Elite (2007)

Mais detalhes no IMDB
Visto no Cine Galleria
Nota: 4.5/5

Antes de chegar a telona, já havia chegado as telinhas devido a pirataria - estima-se que mais de 2.5 milhões de cópias tenham sido vendidas. Num pais em que filmes nacionais conseguem a façanha de atrair públicos que não chegam a 300 pessoas em sua semana de estréia (veja a Revista de Cinema).

O tema atrai: bandidos e mocinhos nos morros e favelas do Rio de Janeiro. Já vimos isso, não? A memória mais recente nos traz Cidade de Deus, Quase Dois Irmãos, Falcão, entre outros. O que diferencia este filme é trazer uma nova e honesta perspectiva sobre a polícia na guerra contra o tráfego. Retrata toda a "ecologia" das drogas: a complexa relação entre policiais de diferentes grupos (militar e esquadrão especial, o BOPE), e destes com os moradores da favela, os donos do tráfico, e também os suburbanos, quase sempre ausentes deste retrato. Se relatasse a realidade da polícia civil ou militar, tenho certeza que não venderia as 2.5 milhões. Explicar a "situação" da polícia, que por falta de recursos e dinheiro encontra a solução na corrupção não agradaria o público - documentários brasileiros não atraem 2.5 milhões de piratas. O filme precisa de mocinho e de bandido; Padilha inova ao não estereotipar - quem é vilão, pode ser também herói - depende tão somente das circunstâncias e do olho do espectador. E daí o grande debate - alguns veem o mocinho nato, capitão do BOPE (Cel. Nascimento) como um herói, atirando a esmo e matando bandido. Outros ficam chocados com sua crueldade ao tratar com os moradores do morro. Os "playboys" e a classe suburbana entra em conflito ao ser flagrada como patrocinadora do tráfico, mesmo que seja com um baseadinho a caminho de buzios. Pois é isso ai - a vida não é esse contraste fácil e ninguem esta isento, por mais que cause desconforto. Padilha nos oferece, como um tiro de escopeta, o debate como forma de solucionar esse conflito.

segunda-feira, outubro 8

Quatro Estrelas (2006)

Visto no Cine Jaraguá
Mais detalhes no IMDB
Nota: 2/5
Comédia romântica francesa sem grandes pretensões. Franssou, jovem e atraente recebe a notícia que herdou 50.000 euros de sua falecida vó e decide fugir de sua pacata vida e seu marido bobão em direção a Cannes para viver a boa vida. Se hospeda no chique hotel Carlton onde conhece Stepháne, um golpista charmoso que pratica golpes nos endinheirados turistas da cidade. A vó que perdura somente 5 minutos no longa, providencia a melhor dose de humor do filme, que tem poucos momentos divertidos. A história se desenvolve lentamente e previsivelmente, em parte porque a história já foi contada, mais recentemente no quase idêntico (mas muito melhor) e também francês Hors de Prix com Audrey Tatou.

quarta-feira, outubro 3

500 Almas (2005)


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Mais detalhes no IMDB
Nota: 3/5
Visto no Cine Paradiso

Documentário sobre a redescoberta dos índios Guató, após serem considerados extintos. Antigos habitantes do pantanal sul-matogrossense, vivem agora nas periferias das cidades pantaneiras. Adaptados à cultura brasileira urbana e, assim, difusos, ocultavam-se dos censos. O filme passa então a mostrar e discutir a busca pela identidade Guató e o resgate de sua memória.

A maioria dos prêmios ganhos em festivais (melhor fotografia, melhor edição, melhor trilha sonora etc) indicam a boa técnica do filme. As paisagens são realmente de tirar o fôlego, e a vida Guató no meio urbano, semblantes brasileiros num Brasil que não se reconhece, é marcante. A trama é interessante e única, mas o retorno, constante, a argumentos simplistas acaba cansando. A profundidade do tema poucas vezes ocorre, e o que vemos é a velha ladainha do dominado contra o dominante.

As cenas são entrecortadas por eventos históricos, onde atuam Paulo José e Matheus Nachtergaele. Servem como elo entre a situação atual dos Guatós e alguns acontecimentos importantes. Se a idéia do diretor foi, além do factual, explicitar sentimentos de angústia e revolta por parte do espectador, o tiro saiu pela culatra. Tais cenas são monótonas e o que levaria poucos segundos transformam-se em intermináveis minutos.

De modo geral, o filme mostra não só um acontecimento histórico determinado, mas um embate cultural pouco discutido no Brasil: o reconhecimento dos direitos e identidades indígenas. Serve como panorama genérico dos Guató, procurando entender diferentes aspectos, mas de modo superficial. Vale como curiosidade e como entendimento da complexidade de nosso país. Apenas documental.


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