Fui hoje ver
"Baixio das Bestas" no MIS. Começamos o filme com uma pequena introdução ao filme e ao objetivo deste formato de "cinemateca" - resumindo o bom argumento de
Orestes: consumir menos e "digerir" mais. Fazer jus ao filme como argumento, obra de arte. Começamos o filme - uma pancada. Claudio Assis, o mesmo diretor de
Amarelo Manga, tem como intenção ser o mais cru possível. Desde
Manga, tenho refletido bastante sobre os retratos carnais e sem-lei do povo do sertão (e.g.,
Abril Despedaçado). Em Baixio das Bestas, Assis deixa claro que a moral é relativa: nem tudo o que vale pra você, vale para mim. E se a moral é relativa, contextual - nem sempre é claro quem está fazendo mal a quem - nem sempre temos um bandido e um mocinho tão bem definidos.
O filme é primoroso. Tirei minhas conclusões.
Ficamos para o debate. Dos 15 (+ ou -) espectadores, os mais assíduos visitantes se posicionaram em formato de semi-círculo. Os mais tímidos se mantiveram sentados. Começou leve (com inspirada discussão do pessoal do projeto Corujão, curadores do ciclo); e aos poucos o público se soltou. As interpretações e observações de cada indivíduo enriqueceram o filme e trouxeram a tona enormes complexidades na fotografia, roteiro, e atuação - coisa que só crítico de cinema (e poucos!) conseguiriam fazer sozinho. E fazer sozinho é bem mais chato.
Não sabe o que fazer de bom na sexta a noite ou no sábado a tarde. Digira um filme. E faça uma discussão.
Um comentário:
Os debates do MIS são sempre excelentes! Valem muitississíssimo a pena! Todos os filmes vistos lá, ficaram marcados justamente pelo debate. Lembro de uma frase célebre do Orestes, no dia em que teve Roma, cidade aberta. Algo como: não divulgar certos filmes para a população, seja em escolas, ou simplesmente publicando a programação da exibição no jornal, é um crime de atentado contra a humanidade!
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