sábado, agosto 22

Os debates do MIS

Fui hoje ver "Baixio das Bestas" no MIS. Começamos o filme com uma pequena introdução ao filme e ao objetivo deste formato de "cinemateca" - resumindo o bom argumento de Orestes: consumir menos e "digerir" mais. Fazer jus ao filme como argumento, obra de arte. Começamos o filme - uma pancada. Claudio Assis, o mesmo diretor de Amarelo Manga, tem como intenção ser o mais cru possível. Desde Manga, tenho refletido bastante sobre os retratos carnais e sem-lei do povo do sertão (e.g., Abril Despedaçado). Em Baixio das Bestas, Assis deixa claro que a moral é relativa: nem tudo o que vale pra você, vale para mim. E se a moral é relativa, contextual - nem sempre é claro quem está fazendo mal a quem - nem sempre temos um bandido e um mocinho tão bem definidos.

O filme é primoroso. Tirei minhas conclusões.

Ficamos para o debate. Dos 15 (+ ou -) espectadores, os mais assíduos visitantes se posicionaram em formato de semi-círculo. Os mais tímidos se mantiveram sentados. Começou leve (com inspirada discussão do pessoal do projeto Corujão, curadores do ciclo); e aos poucos o público se soltou. As interpretações e observações de cada indivíduo enriqueceram o filme e trouxeram a tona enormes complexidades na fotografia, roteiro, e atuação - coisa que só crítico de cinema (e poucos!) conseguiriam fazer sozinho. E fazer sozinho é bem mais chato.

Não sabe o que fazer de bom na sexta a noite ou no sábado a tarde. Digira um filme. E faça uma discussão.

Um comentário:

Thaiza disse...

Os debates do MIS são sempre excelentes! Valem muitississíssimo a pena! Todos os filmes vistos lá, ficaram marcados justamente pelo debate. Lembro de uma frase célebre do Orestes, no dia em que teve Roma, cidade aberta. Algo como: não divulgar certos filmes para a população, seja em escolas, ou simplesmente publicando a programação da exibição no jornal, é um crime de atentado contra a humanidade!