Aproveitei as férias e fui ao Colóquio Cinema, Tecnologia e Percepção, no Rio de Janeiro. Como parte dos eventos do ano da França no Brasil, o ciclo de seminários trouxe franceses de renome. Participaram, entre outros, Jean-Henri Roger (cineasta que fez parte do grupo Dziga Vertov e foi parceiro de Godard em alguns filmes), Marie-Jose Mondzain (pesquisadora com extenso trabalho sobre o estatuto da imagem e professora da École des Hautes Études en Sciences Sociales), Eric Lecerf (filósofo e professor da Paris VIII). O time brasileiro também estava forte, Para citar alguns nomes, a seleção contou com Arlindo Machado, Consuelo Lins, Ilana Feldman, Ivana Bentes, Tadeu Capistrano, André Parente, Fernanda Bruno.
As mesas de discussão foram bastantes diversificadas e, fazendo jus ao tema, recheadas de imagens e trechos de filmes que amenizaram a densidade das apresentações. Variaram entre uma abordagem política de elementos dentro do cinema, como o que representa um figurante, as histórias esquecidas das primeiras projeções, a relação do cinema com o espectador e modalidades de documentários; e entre questões para além do cinema, tal o papel dos meios de comunicação e tecnologias (trem, internet, microscópios, google earth, google marte, vídeos de youtube, orkut, câmeras de segurança, dispositivos de vigilância etc) na constituição de nossa percepção sobre o mundo e imagens que o representam e sobre as relações de poder e controle.
Além disso, o dilema shakespereano se fez presente e provocou algumas trocas de farpas entre Jean-Henri Roger e Arlindo Machado: O que é cinema, afinal? É o que mais se assemelha ao modelo tradicional, película de cerca de duas horas lançadas em telas brancas e planas dentro de salas escuras ou abarca também vídeos curtos de baixa resolução do youtube, como o Tapa na Pantera? Quais as fronteiras? Ser ou não ser, eis a questão.
Mas o que surpreendeu mesmo foi a conferência que encerrou o evento, de Sofia Panzarin, intitulada “A experiência artística imagética para além de suas imagens”. A artista plástica, que perdeu a visão a alguns anos atrás, conta sobre sua experiência de vida e o processo de criação e produção de trabalhos audiovisuais, provando que percepção vai muito além das imagens. Um dos que foi apresentado, pode ser visto aqui
No site dizem que em breve disponibilizarão os artigos do colóquio. Espero que logo, e assim que sair dou um toque. Por enquanto, alguns comentários sobre os seminários (que tiveram uma versão em Vitória), podem ser lidos aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário