domingo, junho 21

O Sargento Getúlio (1983)

Visto no: SESC Campinas











Sargento Getúlio (que não é o Vargas), um cabra danado de botar medo e importante figura no sertão nordestino coronealista, recebe a missão de levar um preso político de Paulo Afonso (BA) até Aracaju (PE). Contudo, no emaranhado causo sertanista, o panorama político muda e Getúlio mergulha em reflexões das mais simples às existenciais.

O filme faz parte do ciclo Cinema e Literatura do Sesc. É adaptado do romance de João Ubaldo Ribeiro, e, mesmo sem ter lido o livro, posso dizer que a câmera extremamente original- manejada pelo fotógrafo Walter Carvalho (o diretor do recente Budapeste) e dirigida por Hermano Penna - faz jus a subjetividade literária. Por vezes nauseante, outras sutil, justaposta a atuação marcante e visceral de Lima Duarte, nos faz até enxergar o sangue nos olhos do sujeito, bem como a articulação sagaz de seus pensamentos e digressões, até a singeleza cotidiana do áspero sertão.

O longa marcou a estréia do diretor no genêro e ganhou diversos prêmios nacionais e internacionais, deveras merecido.

O próximo filme a ser exibido é Os Matadores.
(Beto Brant, MS/SP, 1997, fic, cor, 35mm, 93’)

Filme baseado em conto de Marçal Aquino.Em um bar na divisa Brasil-Paraguai, um homem está para ser eliminado. Enquanto esperam o defunto encomendado, dois matadores, Toninho e Alfredão, revelam uma história em que é difícil encontrar culpados e inocentes. Presente e passado se misturam em torno da morte de Múcio, o pistoleiro mais competente da região, mostrando que matar ou morrer é uma fronteira fácil de se atravessar. Um chefe, uma bela mulher, um serviço a ser feito. O filme testa os limites da amizade, do medo e da traição. Quem traiu?

Quando? 23/06 (terça-feira)
Que horas? 19h30
Onde? Sesc Campinas

Um comentário:

Thiago disse...

A atuação do Lima Duarte é intensa. O papel cai bem no estilo que marca sua carreira. O personagem fica bem no meio das políticas brasileiras: de um lado, os coronéis vestidos em seus ternos brancos, comandando; de outro os jagunços e agregados, protegidos, a plebe que suja a mão de sangue. Do interior da tortura e do mandonismo surgem questões existenciais, que procuram refletir a barbárie imposta.