Nota: 5/5
O diretor Charlie Kaufman brinca com o tempo e o espaço em seu mais novo filme (fez também Being John Malkovich, entre outros sucessos inesperados). Caden Cotard é um bem sucedido diretor de teatro de vida simples e de grandes ambições. Busca configurar algum sentido maior a sua vida, frente a dois grandes obstáculos, enfrentados por todos nós: o desejo pessoal de "deixar uma marca", de contribuir de alguma maneira sensacional para a vida neste planeta; e a eterna comparação com as pessoas que nos rodeiam e por fim, criam expectativas sobre o que nós devemos fazer (amigos, pais, companheiros). Viver diante da pressão interna e externa não é fácil. Caden cria um espetáculo - uma nova produção gigantesca que propõe encenar sua própria história de vida. O resultado é um malha que confunde tempo e espaço, mistura a vida "real" com o imaginário, ao ponto que não se sabe qual pertence ao plano do presente (na perspectiva de quem vê o filme). Só é confuso para quem não se deixa levar pela jeito com o qual o diretor brinca com o tempo para mostrar a dificuldade de ser autêntico; de satisfazer o que colocamos como meta e patamar para nós mesmos. Como diria Sartre: l'enfer c'est les autres. Charlie Kaufman adiciona: além dos outros, o inferno somos também, nós mesmos.
O filme ainda não entrou em cartaz em Campinas, mas fica como recomendação para a semana que entra.
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